O júri do julgamento criminal do cofundador e desenvolvedor do Tornado Cash, Roman Storm, foi escolhido na última terça-feira. O caso tem chamado a atenção, já que pode trazer consequências importantes para o setor de criptomoedas e blockchain.
Durante a abertura do julgamento, os promotores dos EUA se concentraram em tentar conectar Storm a hackers norte-coreanos, que, segundo eles, usaram o Tornado Cash para lavar dinheiro, quebrando sanções americanas. Um desses grupos, o Lazarus, teria sido responsável por um ataque à Ronin Bridge em 2022, resultando em um roubo de cerca de US$ 600 milhões em criptomoedas.
O procurador assistente dos EUA, Kevin Mosley, foi direto: “O réu estava lucrando com uma grande máquina de lavar dinheiro sujo”. Ele enfatizou que Storm tinha plena consciência de que estava envolvendo-se em atividades criminosas, mas mesmo assim decidiu continuar.
Esse julgamento atraiu a atenção de grandes nomes do setor de cripto e blockchain. Eles estão preocupados com o impacto que uma decisão judicial possa ter sobre desenvolvedores que estão tentando criar novos produtos. Enquanto Storm estava em tribunal, seu colega, Roman Semenov, ainda não tinha sido encontrado.
A defesa de Storm e as objeções do governo
Os advogados de defesa de Storm afirmaram que o Tornado Cash é “um protocolo de privacidade que está disponível para todos” e que o desenvolvedor não deveria ser responsabilizado pelas ações de terceiros que utilizaram a ferramenta para atividades ilícitas. Durante as declarações iniciais, os promotores fizeram duas objeções em relação a referências sobre a segurança física dos usuários.
A advogada de Storm, Keri Axel, defendeu seu cliente afirmando: “Roman não teve nada a ver com os hacks”. De acordo com ela, a argumentação do governo se baseava em um ponto fraco: que Storm deveria ter atuado em relação aos pools de lavagem de dinheiro, algo que ele não poderia fazer.
Axel complementou: “O mundo está cheio de produtos que têm usos legítimos, mas podem ser mal utilizados, como o Signal ou até mesmo um martelo, que pode ser usado para arrombar coisas. O governo não consegue provar que havia um acordo criminoso ligado a um propósito ilegal.”
O julgamento estava em andamento quando a matéria foi publicada, com o governo chamando suas testemunhas. Estima-se que os procedimentos ainda devem durar cerca de um mês.
